O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um transtorno ligado ao neurodesenvolvimento, caracterizado por alterações na comunicação social e no comportamento. Pessoas neurodiversas veem e sentem o mundo de uma forma diferente do que pessoas neurotípicas, mas isso não quer dizer que sejam menos capazes. Elas só precisam de outras formas de estímulo para interagirem e aprenderem, com o apoio de uma equipe multidisciplinar, incluindo a família.

Neste Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo – comemorado em 2 de abril – a Fundação Catarinense de Educação Especial (FCEE) destaca a importância da intervenção precoce para o desenvolvimento da pessoa com TEA e a melhora da qualidade de vida das famílias. “A intervenção precoce como um dos serviços mais importantes no TEA. O diagnóstico precisa ser feito o quanto antes e as políticas públicas precisam se voltar para o serviço de intervenção precoce porque ele muda a vida desse sujeito, muda a vida dos seus familiares e muda toda a sociedade”, enfatiza a pedagoga Mariele Finatto, coordenadora do Centro Especializado em Transtorno do Espectro Autista (CETEA) da FCEE.

Esse serviço é oferecido para crianças de 0 a 6 anos, e é considerado padrão ouro pela Sociedade Brasileira de Pediatria. “Quando a intervenção precoce é feita de maneira intensiva, quando é feita com base em práticas baseada em evidências, quando é composta por equipe multidisciplinar, ela causa nas pessoas com autismo uma diminuição das características do transtorno. Isso visa, nestas pessoas, um melhor prognóstico”, destaca Mariele.

Mariele é uma das organizadoras das Diretrizes dos Centros de Atendimento Educacional Especializado do Estado de Santa Catarina: Transtorno do Espectro Autista - publicação inédita lançada pela FCEE esta semana. “Este é um caderno que as instituições parceiras precisam ter como base de intervenção. A gente tem ali as práticas que precisam ser utilizadas, as melhores estratégias que a ciência traz para intervenção, tendo sempre como foco esse propósito que é melhorar a qualidade de vida dos educandos e de suas famílias”, explica. A publicação está disponível para download na seção Publicações do site da FCEE e também no Portal do Autismo de Santa Catarina – outra iniciativa inédita lançada esta semana pela FCEE.

Treinamento de Pais
No CETEA/FCEE, o serviço de intervenção precoce tem duas grandes frentes: a intervenção com a criança, que é atendida em grupos de até 4 educandos, duas vezes por semana; e, em paralelo, o Treinamento de Pais. “Dentro da nossa proposta, enquanto instituição, esses pais precisam ser instrumentalizados. Enquanto as crianças estão em atendimento, esses pais estão com outros profissionais discutindo sobre os desafios que enfrentam com seus filhos, recebendo programas de intervenção para realizar em casa”, detalha Mariele.

Segundo ela, a família é acolhida e o treinamento possibilita a continuidade do trabalho realizado com a criança. “E dá a elas a possibilidade de que o que a gente trabalha aqui dentro seja reflexo lá fora, para que esses comportamentos sejam generalizados e para que a qualidade de vida dessas famílias também seja modificada. Esse é um dos nossos maiores objetivos – melhorar a qualidade de vida de todos – da realidade desse sujeito e também desses desafios que as famílias enfrentam”, pontua a pedagoga.

A família é tratada como coterapeuta nesse processo. “Ela tem que participar, tem que estar envolvida, tem que ser acolhida, tem que ser instrumentalizada. E quando vemos esse trabalho sendo articulado a partir do treinamento de pais, a gente vê um avanço muito maior nas nossas crianças”, afirma.

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