Mulher branca loira esta sentada em uma mesa olhando para a tele de um notbook. Ela esta de blusa preta e observa algumas pessoas na tela
A Fundação Catarinense de Educação Especial (FCEE) dá mais um passo significativo no fortalecimento dos serviços especializados ofertados no âmbito da Educação Especial. Por meio do Centro de Educação Física e Cultura (Cefic), a FCEE iniciou nos meses de maio e junho dois grupos de estudos na modalidade EaD destinados a educadores/musicoterapeutas dos Centros de Atendimento Educacional Especializados (Caesps): o primeiro denominado de “Musicoterapia na Educação Especial – Formação, Prática e Pesquisa”, coordenado pela musicoterapeuta Camila Fernandes Figueiredo; e o segundo “Estudos sobre dança e deficiência”, ministrado pela professora de dança Lara Matos. Ambos estão previstos para finalizar entre setembro e novembro.

Com carga horária de 75 horas, distribuídas no período de 3 de junho a 18 de novembro de 2025, “Musicoterapia na Educação Especial – Formação, Prática e Pesquisa” tem como objetivo Promover reflexões sobre as diretrizes, o funcionamento, a organização e as especificidades do Serviço de Musicoterapia no âmbito da FCEE e nas instituições parceiras especializadas, bem como fomentar a pesquisa no campo da Musicoterapia na Educação Especial.

Avanços da Musicoterapia no Brasil

De acordo com Camila Fernandes: “o grupo de estudos se insere em um contexto de avanços importantes para a Musicoterapia no Brasil, especialmente após a regulamentação oficial da profissão, por meio da Lei nº 14.842, de 11 de abril de 2024, que conferiu à categoria respaldo legal, fortalecendo sua presença nas políticas públicas, tanto na saúde quanto na educação e na assistência social.”.

A musicoterapeuta destaca ainda que a atuação do musicoterapeuta na educação especial é uma realidade consolidada na FCEE, especialmente no que se refere ao serviço prestado nos Caesps e nas instituições parceiras em todo o Estado de Santa Catarina. “Contudo, a consolidação desse serviço exige não apenas a atuação prática, mas também a reflexão teórica, a pesquisa e a definição clara de diretrizes que sustentem a Musicoterapia como um serviço técnico, especializado e alinhado às necessidades da política de educação especial”, destaca Camila.

Estimulo ao conhecimento técnico

A ministrante reforça que o grupo de estudos foi elaborado justamente para atender a essa demanda, que emerge tanto dos profissionais quanto das próprias instituições que reconhecem a importância de compreender, fortalecer e qualificar a atuação da Musicoterapia na perspectiva da educação especial.

“A proposta formativa não se limita ao compartilhamento de conteúdos, mas busca fomentar reflexões críticas sobre a atuação, além de estimular a produção de conhecimento técnico e científico. Ela busca refletir sobre as diretrizes, o funcionamento e a organização desse serviço no âmbito da FCEE, bem como nas instituições conveniadas”, destaca. “Além disso”, pontua a musicoterapeuta, “o programa visa a aprofundar o entendimento sobre as especificidades do serviço, promovendo discussões sobre os fundamentos teóricos, os desafios da prática e a relevância da pesquisa na consolidação do campo da Musicoterapia na educação”.

Benefícios da musicoterapia

De acordo com estudos, a Musicoterapia oferece diversos benefícios para pessoas com deficiência, incluindo a melhoria da comunicação e expressão, o desenvolvimento de habilidades cognitivas e motoras, e o estímulo do bem-estar emocional. A música pode atuar como uma ferramenta de comunicação não verbal, facilitando a interação social e a expressão de sentimentos em pessoas que podem ter dificuldades na comunicação verbal. Além disso, a Musicoterapia pode auxiliar no desenvolvimento de habilidades como atenção, concentração e coordenação motora, além de promover o bem-estar emocional e reduzir o estresse e a ansiedade.

Para Camila Figueredo, a realização dessa formação, por meio de um grupo de estudos EaD, reflete um movimento institucional da FCEE comprometido com a consolidação de práticas qualificadas, com a defesa do atendimento educacional especializado e, sobretudo, com o fortalecimento dos direitos das pessoas com deficiência.

Musicoterapia enquanto serviço especializado

“Mais do que uma ação pontual, o grupo de estudos representa uma etapa fundamental de um processo contínuo, que visa a garantir que a Musicoterapia, enquanto serviço especializado, seja compreendida em sua totalidade — não como atividade complementar, mas como parte integrante e indispensável dos serviços de apoio previstos nas diretrizes da educação especial”, diz Camila Figueiredo.

Ela destaca ainda que ao reconhecer a importância desse serviço, a FCEE reafirma que o atendimento educacional especializado deve ser realizado por profissionais devidamente habilitados, em consonância com a regulamentação da profissão e com as normativas institucionais que norteiam as práticas inclusivas.

“Este movimento também revela o papel protagonista que Santa Catarina exerce no cenário nacional, ao estruturar políticas e práticas que valorizam e fortalecem os serviços especializados, demonstrando na prática que inclusão não é apenas discurso, mas compromisso efetivo, materializado em ações como essa”, conclui a musicoterapeuta Camila Fernandes Figueiredo.

Grupo de estudos sobre dança e deficiência

Assim como a Musicoterapia, a Dança oferece inúmeros benefícios para pessoas com deficiência, incluindo melhorias na mobilidade, força, equilíbrio, coordenação, consciência corporal e autoestima. Além disso, a Dança promove a inclusão social e pode ser uma forma de expressão artística e terapêutica.

O Grupo de Estudos sobre Dança e Deficiência, oferecido pelo Cefic, da FCEE – destinado a educadores dos Centros de Atendimento Educacional Especializados (Caesps) – tem por objetivo promover o debate sobre a pessoa com deficiência na dança e as potencialidades da dança como recurso na educação especial, a partir da pesquisa sobre a história da inclusão na dança, buscando encontrar práticas e estratégias que possam ser sistematizadas em material didático.

Inclusão da Dança na Educação Especial

Proferido pela professora de dança do Cefic, Lara Matos, o grupo de estudos tem a carga horária de 48 horas e será realizado entre maio e setembro. É justificado pela necessidade de aprofundar o conhecimento sobre inclusão na dança e sua aplicabilidade na educação especial, com destaque também ao movimento enquanto forma de expressão e comunicação e o papel fundamental no desenvolvimento dos educandos. A dança pode ser uma ferramenta poderosa para promover aprendizagem, socialização e autonomia.

“Ao investigar a história da acessibilidade na dança e explorar o uso de tecnologias assistivas, buscamos contribuir para práticas pedagógicas mais equitativas, que respeitem e valorizem as singularidades de cada educando. Dessa forma, o projeto se torna relevante tanto para educadores quanto para artistas e pesquisadores que desejam ampliar as possibilidades de ensino e aprendizagem na educação especial, promovendo uma dança verdadeiramente acessível e transformadora”, completa a justificativa documental do grupo de estudos.

“O grupo de estudos tem qualificado o meu trabalho”

Para a cursista Maria Paula, professora de Artes da Apae do município Pouso Redondo, participar do grupo de estudos que enfoca estudos sobre dança e deficiência tem qualificado o seu trabalho. “É o meu primeiro ano sendo professora de alunos com deficiência, então esse grupo de estudos está sendo bastante útil. Agora, no segundo semestre, eu e meus educandos já teremos espaço para duas apresentações de dança. Então, este conhecimento tem auxiliado muito neste processo”.

Além da produção de apresentações artísticas, Maria Paula destaca que o grupo de estudos da FCEE está permitindo que ela perceba, no dia a dia, os benefícios junto aos seus educandos como a melhoria da coordenação motora e comunicacional.

De acordo a professora de dança, Lara Matos, o foco dos estudos visa dar ferramentas para que os professores de artes das Apaes criem possibilidades e envolvam seus educandos para que eles possam se sentir à vontade em se expressar com a arte da dança respeitando a individualidade de cada um. “Que durante a prática do grupo de estudos, que o educando com deficiência possa conhecer e entender o próprio corpo e conseguir expressar suas emoções, suas vontades, por intermédio da dança. Que possa entender também a relação com o corpo do outro na dança por meio da socialização da música”, diz.

A dança como autoexpressão

Segundo Lara os professores participantes têm relatado que, a partir dos encontros do grupo de estudos, têm sentido mais à vontade para levar a dança, para experimentar com esses educandos, e têm obtido resultados no sentido de que os educandos estão participando, estão reconhecendo esse espaço como um lugar possível, que eles possam habitar, que é a dança.

“É fundamental que a pessoa com deficiência possa ver a dança como uma possibilidade de auto expressão, uma possibilidade de socialização, possa ver como uma linguagem em que ela pode dialogar com o mundo, por intermédio do próprio corpo”, destaca Lara, que enfatiza que
muitas vezes a pessoa com deficiência é interpretada, erroneamente, como não encaixada em um padrão, dando a ideia que ela não está apta ou não pode habitar o mundo da dança.

“E nos últimos anos, entretanto, estamos convencidos de que pessoas com deficiência podem sim integrar e habitar o mundo da dança. Elas têm uma dança própria como linguagem e por isso temos que permitir que essa pessoa possa mostrar suas possibilidades, as suas vontades e suas suas expressões individuais por meio da dança."

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